sexta-feira, 25 de setembro de 2015
noite de sedas, noites de segredos
noite de sedas, noites de segredos
noite de cartas, de telefonemas
de amplos laços esgarçados
noite de fogos, de revelações
soube trazer na noite os mesmos passos
soube fazer naquela mesma taça
velha taça de prata familiar
o sonho o resumo o aparecer na planície
entre o branco das sedas e o azul deserto
quando a praia se abre em grandes constelações
em grandes flores-palácio
e escrito está na glória das belezas
o teu sorriso claro das estrelas plenas
noite de sedas, noite de surpresas
terça-feira, 1 de setembro de 2015
PÁSSARO
pássaro
meus dedos de aço
passam na plumagem
luminoso pássaro
imerso na paisagem
em minha cor e casa
e ponho-o no meu lago
um pincel usado
pinço-o com cuidado
ramagem extraordinária
forma de uma flor
ou como um piano
como um belo plano
bebo seu licor
e forço a sua entrada
dou-lhe vida e cor
terça-feira, 18 de agosto de 2015
não posso reter os teus traços
Não posso reter os teus traços
Nem as notas de teu tema
Pois tua música se esquece
Como as vozes do poema
Da paixão, que mais um traço
Foi do azul de minha pena,
E quando te vir já será garço
O repique da tua cena
e o afastado abraço...
(oriunda onda a que cerca de aço
me levarão tuas algemas?)
Nem as notas de teu tema
Pois tua música se esquece
Como as vozes do poema
Da paixão, que mais um traço
Foi do azul de minha pena,
E quando te vir já será garço
O repique da tua cena
e o afastado abraço...
(oriunda onda a que cerca de aço
me levarão tuas algemas?)
sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015
CARNAVAL 2015
ROGEL SAMUEL
Nesse carnaval perdi a minha fantasia
caiu-me máscara, fiquei nu
no meio da avenida
mas a festa continua
e ninguém me vê
o mundo todo roda
e eu, bêbado de amizade
apareci, glorioso, na cidade
cobriam-me lantejoulas de estrelas
e o baticum profundo da grandeza
mato-me de enfarte nessa minha idade
72 anos de felicidade.
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015
CHAMP DE MARS
CHAMP DE MARS
ROGEL SAMUEL
E somente porque fazia sol naquela tarde
eu não queria mais voltar pro meu país,
e somente porque fazia sol naquele canto
oh, naquela mesma imensa canção
com que, há vários anos, venho para o mesmo Campo
de Marte, em frente à Torre de Vidro
que à noite brilha como se feita
de estrelas faiscantes,
e estava, nas minhas costas
a Escola Militar onde Napoleão estudou
e na minha frente o “mur de la paix”,
inspirado no muro das lamentações,
soprando naquele panteon de assinaturas
em várias línguas dizendo a paz.
Longe a imensa Torre.
Meu pai a viu,
meu avô a viu.
A imensa Torre
aponta o céu.
(À noite brilha como se feita
de estrelas faiscantes).
Há um júbilo de estar
de ainda estar ali
depois de tantos anos
depois de tantos dias escuros e frios.
Num dia de sol.
O frio se recolheu dentro de mim.
Sofro por estar em comunhão
e porque gostaria de ficar
(não só)
porque gostaria de que Paris fosse
o subúrbio de Manaus,
que já foi no tempo do meu avô Maurice,
(no teto do Teatro Amazonas
se vê a Torre Eiffel, vista de baixo).
Sofro porque gostaria de ficar,
entre amigos
com o Cláudio Rosa, a Leila Míccolis, a Neuza Machado.
Mas em seis dias me vou,
ficará o mesmo jeito de ser
daquela ponta de praça
a mesma imensa área,
com aquele intuito amplo de conter o mundo
de a tudo reunir.
Na minha contemplação
a vida estranha
(À noite a Torre brilha como se feita
de estrelas faiscantes).
Vida estranha.
Mundo estranho.
Faz sol.
(Paris, 9 de novembro de 2006).
ROGEL SAMUEL
E somente porque fazia sol naquela tarde
eu não queria mais voltar pro meu país,
e somente porque fazia sol naquele canto
oh, naquela mesma imensa canção
com que, há vários anos, venho para o mesmo Campo
de Marte, em frente à Torre de Vidro
que à noite brilha como se feita
de estrelas faiscantes,
e estava, nas minhas costas
a Escola Militar onde Napoleão estudou
e na minha frente o “mur de la paix”,
inspirado no muro das lamentações,
soprando naquele panteon de assinaturas
em várias línguas dizendo a paz.
Longe a imensa Torre.
Meu pai a viu,
meu avô a viu.
A imensa Torre
aponta o céu.
(À noite brilha como se feita
de estrelas faiscantes).
Há um júbilo de estar
de ainda estar ali
depois de tantos anos
depois de tantos dias escuros e frios.
Num dia de sol.
O frio se recolheu dentro de mim.
Sofro por estar em comunhão
e porque gostaria de ficar
(não só)
porque gostaria de que Paris fosse
o subúrbio de Manaus,
que já foi no tempo do meu avô Maurice,
(no teto do Teatro Amazonas
se vê a Torre Eiffel, vista de baixo).
Sofro porque gostaria de ficar,
entre amigos
com o Cláudio Rosa, a Leila Míccolis, a Neuza Machado.
Mas em seis dias me vou,
ficará o mesmo jeito de ser
daquela ponta de praça
a mesma imensa área,
com aquele intuito amplo de conter o mundo
de a tudo reunir.
Na minha contemplação
a vida estranha
(À noite a Torre brilha como se feita
de estrelas faiscantes).
Vida estranha.
Mundo estranho.
Faz sol.
(Paris, 9 de novembro de 2006).
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