segunda-feira, 17 de outubro de 2011

POEMAS DE ROGEL SAMUEL


poemas de rogel samuel


Não posso reter os teus traços
Nem as notas de teu tema
Pois tua música se esquece
Como as vozes do poema
Da paixão, que mais um traço
Foi do azul de minha pena,
E quando te vir já será garço
O repique da tua cena
e o afastado abraço...
(oriunda onda a que cerca de aço
me levarão tuas algemas?)



era o parque o ser o nada
era o monstro da montanha
era tudo o abandonado
o castelo no ar o aliado
era o canavial incontrolável
a lente de todos os saberes
o morredouro das gentes
o sorvedouro do ser
era o risco a mágoa a nuvem
as estreitezas o ver
mas tinha o que eu mais amava
o sonho a fantasia o crer



era pra ler, era pra ser
era pra ver, era pra não crer
que tudo nada foi, ou nada
apareceu num mundo de provocações
no ardor, ou louro, ou de
uma montanha de ouro
e que tudo deu em nada
ou se perdeu em asas
que como águas de cristais que correm
na pedra no tanque de seu mudo
aço, e sob aquelas vozes alçadas
no pátio do passado perto lá de casa



meio mar

Quando lemos quando poemas quando
fazendo-me vomitar
a fase dura do mar
a face horrível do amar
quando
quero simples
quero
voltei ao fundo da primeira taça
sonhar
era o parque o nada
era o simples naufragar
voltas na praia antiga
minutos no meio mar



quantos poemas, quando poemas

quantos poemas, quando poemas
sem rumo no escrever
vou assinando esses termos
no limbo do anoitecer

quantos poemas, quando poemas


cena carioca

Joga o mendigo na praça
pedaços de pão para os pombos
e inteiramente de graça
dá de ombros.



por maior que seja o diamante
não supera o brilho interno de teus olhos
não quero supor que és minha estrela
mas sim o sol

sobre as colinas e os mares
teu perfume recomeça sempre
nos ventos



por mais negra que seja a noite
devemos esperar pelo amanhã
o sol, bem ou mal, será esperado
a luz diamante apontará no risco
e nós nos amaremos outra vez

feliz quem sabe que
tudo passa
e que o mundo
recomeça sem outro mesmo



Eram três figuras na janela
três amigas, três tristonhas
espiavam para a casa
três certas meninas
aquelas
e eu me dei conta do brinquedo
daquelas figurinhas mitolõgicas
três vezes era demais
para a sabedoria
ser capaz



sobolos rios que vão

sobolos rios que vão
por Babilônia, me achei
onde sentado chorei
com Camões esta canção,
as lembranças de tudo
por quanto no rio passei
o rio negro negro
corrente que de meus olhos
foi manado, e que somente
meu deu lembranças
que nalma se representaram
e se fizeram tão presentes
como se nunca fossem tidas
com o rosto banhado em lágrimas
via minha tia Luzia
e seus cuidados imaginados
e o meu tio Alberto
na sua mesa de trabalho
sorrindo para o seu lado.
Vi que tudo que passei
que todo o bem passado
não era gosto, mas é mágoa.

mas quando feliz estou contigo
me esqueço do passado
nada existe, já passou
e logo me recomponho
pois o tempo imaginado
o tempo recuperado
já é outro, já não existe
como o rastro de uma nave
no ar do mais largo oceano

ah, tempo passado, tempo morto
tempo árido! contigo não
estarei nem mesmo nas lembranças!
o quadro se apaga e os momentos
são sonhos projetados na vidraça!


poema de março

Não quero rever o segredo
o teu copo de mar
nem a horta colher a medo
por quem a imitação da forma
é a porta por entrar
a costura da imagem
da pele mais quente amar
que fria ou quente acessórios
são para o tom certo aplainar
ou a tonalidade vazia
que nada sabe o enredo
em que quero aprisionar
e por onde passa o espelho
lançado sobre o luar
oriunda onda onde queres
neste oceano me levar?


O Tao

Um caminho que pode ser seguido
não é o eterno
o absoluto

O nome que pode ser enunciado
não é o absoluto

O céu e a terra brilham sem nome
O nome é a raiz das cem mil criaturas
Desta que
somos sombras do infinito

A música dos céus não soa quando
a nomeamos


são tão fáceis os poemas, são

são tão fáceis os poemas, são
tão bons de cantar, são tão fáceis
de se verem escritos esses versos
que se devem cuidar de guardar
o que pode acontecer é que à noite
todos dormem, e essas falas
se engavetam em sonhos
onde é fácil esquecer,
e essas falhas faladas
me farão esquecer



são de pedra as tuas vestes

são de pedra as tuas vestes
são de aço barato
o teu músculo macho
entre os bronzes das pernas
e tua palavra de nada
e tuas mãos são de fada
e tuas flores de lodos
e tuas loucas e poucas
alucinações fantasiadas



praça da saudade

na pálida luz de uma lembrança amena
no silêncio de um poema de Anisio Melo
me lembro da praça da saudade e nela
tua imagem sob o caramanchão
não há uma saudade ali inscrita
mas uma espécie de sonho, de passado
de águas de uma chuva fina
de sombras de uma festa


nossa casa

muitos beijos pobres beijos perdidos
pouco lidos poemas, apenas
rascunhadas cartas lenços bordados
perfume de rosas na alcova
luzes no caminho do nosso amor 


SOMBRAS NA JANELA
PORTA NA CANCELA
TUDO NA ESTRADA 

VELHA NOSSA CASA
NOSSA ENTRADA



carnaval

sim gosto de carnaval
da alma da imagem o tambor
dos batuques e dos rebolados
das baianas que giram
e das comunidades do morro
eis que sambo em imaginação
como que quem avançar
como quer o espírito
e o corpo do amor


na passarela do samba

na passarela do samba se vai, escorrega, trabalha e cai,
tranquiliza, na curva se desenvolve a reta
quem passa se vê refletido nos espelhos
estamos vendo os carros, as baianas, o
vento, o calor contra o vento, estamos
na batida do samba do horizonte, as luzes
sobre as ondas na passarela deste mar
estamos em plena sapucaí, como no poema antigo



para Annie

não, eu não quero mais
contracenar com a tua morte
não quero estar para sempre a ensaiar
o teu lado mortal
agora eu quero a vida
o vazio da paz mental
o abrir para um novo silêncio
de flores de mares sem lamentações
sem adeuses sem tristeza
um novo estado de voz
de minha voz cansada
de cantar no vazio deserto



carnaval

no seu calor
eu que rebolar
a minha dor

na sua voz
eu que entoar
o amor

não sinto tanto
o vazio do meu
pranto

leve retrato
o meu carnaval
é no seu prato


Rogel Samuel


museu de pedra

são de pedra as tuas vestes
o teu blusão é de aço
como teu músculo macho
e de bronze as tuas pernas
e de ouro os teus cabelos alados
que da matéria vital
é tua palavra o teu laço
mas tuas mãos sobre mim
são suavíssimas flores
palco de teus amores
linhas do teu pomar



máscara africana

nao há nada
atras da mascara
a mascara nada esconde
do que ela é
exterioriza
o que é



pelo haiti

ai! haiti
que inimigos tens, secretos
feitos de homens, feito de deuses?
monstruosidades calam em teu leito
mudas a cada grande dor teu enorme pleito
pela vida, pelas águas, pela multidão de
teus feitos
desde a colônia francesa de são domingos
desde a revolução francesa
desde teu líder Toussaint L'Ouverture
que derrotou a França e a Inglaterra
preso por Napoleão
desde Dessalines e os jacobinos negros
que prosseguiram o combate e a conquistaram,
em 1804,
a Independência cruel, sangrenta e definitiva,
que batizaram em sangue o País como o nativo Haiti
e onde meu amigo chinês mora ou morava
(não sei dele) e ensinava;
ai de ti, ó povo da Independência vitimado
que atrai da vitória a maldição
a maldição dos heróis
a maldição dos deuses
pelo que produziste
o café, o anil, o cacau, o algodão
e o açúcar melhor do que ninguém
e onde meio milhão de escravos africanos trabalharam
ó vítima da liberdade
que os deuses me protejam da tua maldição!
ó, haiti




para Azenha

um punhal de neve
um buquë de ar
um sorriso leve
como o mar




ela era mestiça de chinês
mestiça de luar
era bonita em seu jardim
em seu pecado de flores
nos seus lábios havia um rio
o universo se abriu
eu pude entrar



estar no mundo
brincando de te beijar
sentir tua língua o peito
como se deve amar...
como eu gostaria que fosse
esse poema descrito
por mim que gosta sê-lo
e poderia retê-lo
amante na placidez
daquela tarde risonha
que só de versos alegra



o diamante azul

meu diamante azul
constrói meu carbono
seu destino é o eterno
o universo a luz
o vazio o norte
o nome

um milhão de anos
meu diamante azul
estará vivo
no espaço das formas
no aço informe
na matéria nova
e morta
da coisa viva

meu diamante azul
é a morte

tem fome


noite de sedas, noites de segredos (2)

noite de sedas, noites de segredos
noite de cartas, de telefonemas
de amplos laços esgarçados
noite de fogos, de revelações
soube trazer na noite os mesmos passos
soube fazer naquela mesma taça
velha taça de prata familiar
o sonho o resumo o aparecer na planície
entre o branco das sedas e o azul deserto
quando a praia se abre em grandes constelações
em grandes flores-palácio
e escrito está na glória das belezas
o teu sorriso claro das estrelas plenas
noite de sedas, noite de surpresas



ERAM DOIS POSTAIS MUI PÁSSAROS E PÓLEN
desciam o declive da madrugada
se olharam parados e em sorrisos
um simulando atrás no escuro
ela concentrada picava suas penas

No volume da lua prata havia uma carta
E os dois se amaram ali daquele jeito
ouvindo gemer a fonte que gozava
fofa forte farfalhante madrugada


(poema antigo, hoje reescrito)

noite de sedas, noite de segredos
noite. triste noite acordado
sonho que beijo a sua nuca nua
e minhas mãos empalmam o seu calor
e eu penetro no corpo de sua
noite, lá onde delira e fora
passam velozes passam motivados
mas danço consigo o Reino do Desejo
e sonho que estamos tão felizes
que vejo estrelas mundo alado
dos anjos do espaço
só tenho alguns minutos a seu lado
noite de sedas noite de estrelas
volto a dormir sonhar quem sabe



o nosso amor é uma ficcão criadora
um fingidor que finge
"o que deveras sente"
uma figuração cênica
linda, bela, emocional
prestidigitação contruída
do meu desejo

minhas mãos empalmam as tuas curvas
e apalpam teu sexo
como se fosse eu um estatuário
modelador
em tua luz

o nosso amor é um mito
mas é o mito aquilo
que nos conduz


eu que te amo
não te conheço
apenas desejo
apenas fumos
apenas ser

mesmo assim eu te possuo
todas as noites

e sei que existes em algum lugar
que sentes o meu acariciar

que gozas
que mordes
que gostas

eu que te amo
não mudarei de lugar


o meu amor por você
é algo muito secreto
de sua família escondido
de sua consciência escondido
de todos segredo

o meu amor por você
não é medo

nada não tem de errado
ou reprovado
(quem reprovaria o amor?)
nem censurado

o meu amor por você
é elevado
sagrado
motivado

pelo nosso ser

(Para Rosa)


noite de sedas estrelas

a noite não será tão negra enquanto eu puder ouvir a sua canção
nem saberei de dor enquando navegar
nas suas águas límpidas
nas suas imagens claras
nos seus cadernos e guardados
no seu sorriso jovem

a velhice nada significará
pois eu sei que está
junto a mim

mas tudo passa
e tudo que passa
tem a sua eternidade

tudo recebe os beijos da manhã
e a claridade da noite enluarada
envolta em sedas
de estrelas



minha identidade se perde em sua id
e me perdi ali, que dissolvido
estou no ser amado em seu destino.
que se me vejo no reflexo de seus versos
já dividido sou nos seus espelhos
nem busco estar no todo de suas partes
mas no dorso, em procurando
a casa inteira dei-me conta
que só de números me inscrevo
e recebo identidade e assim percorro
os seus ombros, os seus pelos, o lenho exposto
sobre os anelados dos cabelos
e a linda curvatura do pescoço.






seu poema está imerso
nessas ondas do fundo
que confundem são gavetas
são marcas dágua
são dunas de um outro mundo
são gravações agravadas
onde o poema dorme, gravado
mas solto, engavetado
mas aéreo, eu disse
que essa sua nova fase
de sua poesia vai ser gravada
nas ondas desse mar
desse colorido mar
nas ondas do fundo da memória
desses computadores-leitores
a cores
ou leitores em preto e branco
e agora
em ondas vermelhas pretas e azuis
concentradas
concêntricas
fecundas
postadas
gravadas
água
água e areia
água
tinta de cor de água
água e tinta de água e cor


pássaro

meus dedos de aço
passam na plumagem
luminoso pássaro
imerso na paisagem
em minha cor e casa
e ponho-o no meu lago
um pincel usado
pinço-o com cuidado
ramagem extraordinária
forma de uma flor
ou como um piano
como um belo plano
bebo seu licor
e forço a sua entrada

dou-lhe vida e cor


novo poema

novo poema
pobre poema
agita agora
minha imaginação

sonho seu rumo
sopro suas teclas
ouço sua lira
confusão

meus dedos de aço
passam pelas plumas
dessa seca e estéril
movimentação

somos comovidos
somos só ouvidos
somos resolvidos
gestaçao



porta calada
madrugada
o silêncio é nada
o vento me acorda
o silêncio morre
sobre esta triste noite
a quente suportada espera
volto ao sonho antigo
no sonho palavra dada

porta calada
madrugada

e que horas são?
qual tempo lembrar?
da minha janela percebo
um pedaço de rua
vento da noite nua
sopra na solidão

porta calada
madrugada



a chuva
com seus "chhh"
com seus chiados e teclados
com seus dedos molhados
toca a sua canção no poema
(ao longe ouve-se uma trovoada:
que deus ruge ao longe?)

- para Jefferson Bessa


a palavra falada tentada forçada escrita
a ventarola do fio do violino na porta
o mormaço cobre o túmulo e volta a ser gente
e volta a ser gleba
voltamos nós
à palavra falada ouvida esquecida esquisita
morta
como o fio do destino à porta
é um outro lugar
um salão sagrado, familiar, construído há muito tempo,
e cheio de morte
ecoando suavemente mofado escuro quieto
como uma nuvem de umidade
por cima do tapete verde da pedra
espero a “Celebração da paz”, de Holderlin



uivo longo noite escura vento
o vento evoca suas vozes
longas e ecos cavernas fundas
por que parece que morri?
uivo longo, muitas vozes
silenciadas
madrugada escancarada
prata ouro lanterna mágicas
calma nos arredores e arrepio
uivo longo na murada
volto a sonhar



na praia da ponta negra

na praia de ponta negra me prosternei
na praia o tempo, na praia negra do tempo
sobre aquele muro de vermelha areia
estava escuro, sim, e ninguém nunca a via
o vento assustado uivava e recolhia
as estrelas penduradas que se entreolhavam aflitas
e iaras nas águas vestidas de branco ou nuas
e em bando
eu via o rumo fundo do rio longo na direção do fim
do outro mundo amado, do outro lado
e não, ninguém naquele dia, ninguém naquela noite
naquela hora que eu procurava nas linhas retas das
pedras antigas aéreas do rio o veio velho do vento
onde estaria
a praia da ponta negra que ouvi e amei

(Reescrito em 23 de setembro de 2009)


pequenas luas
pés descalços
poças dágua
mundo de estrelas
a menina pisa
no arco-íris

(após ler um poeta amigo)


castelos de luar
de lua
de tua
vontade nua
de tua
luz de lua
voz de sua-
ve paladar
castelos no ar
no vagar
do imaginar

(para Isabel Montes)


castelos íntimos
parte dourada
casa contemplada
por castelos

castelos íntimos
quanta maravilha
luzes lantejoulas
fantasias caras
que nem sempre existem
na felicidade

castelos íntimos
parte dourada
de uma casa



o mundo das imagens
das estradas, das dúvidas
o mundo das voltas
das curvas, das novidades
o mundo das estradas
das entradas, das cadeiras
o mundo das figuras
desafiam as manobras
o mundo das fotos
as florestas, dos cabelos
as coroas e tiaras
bandas de rock, clicks
e links


casa abandonada

as janelas estavam assassinadas
assistiam a tudo
ao mar, às aves, à montanha
nunca mais fechadas
fecundas de vento
arrebatadas de sol
batidas pelo firmamento
e as janelas nunca mais se fecharam
porque não havia ninguém mais lá dentro
porque os poros da casa se abriram
às verdejantes trepadeiras
que cobriam todo passado




tecíamos quando falávamos
uníamos teias reflexões
aranhas mútuas linguagens
uníamos costuramos sobre a mesa
cosemos, ponto por ponto, as bordas de uma
estrutura, de uma costura,
bordados sobre o meu lar
"e o cavalo na montanha"



Balada para todo amor

todo amor é assim, plágio
cópia de cópia de si, no mesmo
sim na sua visibilidade
no seu sexo. Porque todo amor
é aquela alegre repetição
doença de sonho e de tensão
acontecimento que tanto faz
se desfaz. De que não posso
dizer o que quero, ou o que vale
nem mesmo vale a pena
[O amor, seu troco.]
O caro, o espaço, o caroço
o que sobra o que falta e o falho.
Todo amor falece. Não cresce.
Não é o que se espera.
Dele nada sobra. Além do gozo.
Da calma, da cama, do colo
da palavra: só as notas altas
o cantam. As baladas mais.
A exultação mais plena.
Pois todo amor é outra vez
o mesmo amor. É sempre. É pouco.
E só se estabelece quando
impossivelmente fala a falta
do tolo amor, que já é lembrança
excessiva. Que todo amor costura
um tédio. E tem a surpresa da morte.
Somos suas presas em suas levezas.
Corre o fundo tempo por seus lodos
mostra a sua sede à noite morta.
Quem me crê sabe o que digo:
o amor já vem perdido, pois perder-se
é o destino amante. Dele vem logo
o mote o trote o corte a espada
que o amor tem em seus dentes
pois sua loucura é o nada.

rogel samuel
["Balada para todo amor, em 14 de maio de 2.000]


(para Dilson Lages Monteiro)

rua grande
em Barras do Marataoã
no Piauí, minha paixão distante
Rua Grande
e deserta
ao fundo a Matriz
os muros, as casas
desertos
rua larga e grande
batida pelo sol pelo
silêncio do sol
seguida pelos
passos
silenciosos passos
dos nossos antepassados
ilustres
dos nossos personagens
Fileto, Thaumaturgo
ó memória nativa
ó glória que não se apaga
traços
passos
na rua grande
da história


ao fingidor

fingidor
tua última postagem
me dá a desvantagem
da dor

não assistirei à tua tumba
farei um enorme esforço
para continuar a abrir
teu link morto



120.NÃO TENDO CHEGADO AS FLORES

De primavera, gozo o prazer
de dar-te a prévia rosa
queiramos ou não que desabroche
na mão da tua lâmina terna
e sem dizer o que devemos
ponho os olhos nos limites da estrada.
Quem assim te afague, ó meu amor
que ainda te amo como agora
folha da tua árvore querendo
ver-te como estrela
o mais de sobretodas as senhoras
olham de perto o incerto par.
Sejamos lógicos com estas grinaldas
de primavera que inventei sem peso
me apaixonei sem me aproximar.


Rogel Samuel
Do livro 120 poemas


De Rogel Samuel para Jefferson Bessa:
li há pouco
o seu poema corpo
o corpo do seu poema
as coisas que com o corpo
fazemos
li e sonho
com o alheio quarto
do alheio gozo
do poema





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